sábado, 18 de julho de 2009

TALENTO. O QUE É ISSO

Aqui no Brasil são pouco divulgadas essas linhas de pesquisas, ou são meramente excluídas dos temas de pesquisas. Também, com certa razão, pois, é um tema muito complexo e sem muitas definições teóricas para explicar esse fenômeno. Assim, certas pessoas baseadas no empirismo têm sido contratadas para identificar os talentos para o futebol dos grandes clubes, mas comprovado na prática que muitos também não têm uma porcentagem muito grande de acertos, pois não temos como prever o futuro de um menino apenas o observando jogando futebol num campo de várzea. Podemos sim, identificar alguma facilidade desse menino ou menina com a bola.
Na questão de identificação de um talento Joch (2005, p. 43), relata que:

“Na falta de critérios inequívocos, são mencionadas características sem sistema e ao acaso, que se baseiam em hipóteses de formação corporal, (suposto) potencial genético, tolerância à carga, dedicação ao treino, alto desempenho juvenil, condições ambientais favoráveis ao desempenho, etc. É considerável a variedade de critérios, específica à modalidade esportiva, vinculada à experiência subjetiva de cada um. Combinações de critérios, também mencionadas em relações cientificamente comprovadas, referem-se aos desempenhos marcantes precoces, em combinação com interesse especial e aumento rápido de desempenhos obtidos sem grande esforço.”

Outros autores como, Gabler e Mergner (1990, p. 8) definem talento com um elevado grau de liberdade e baixa precisão no detalhe:

“Como talento esportivo pode ser chamada uma pessoa que, em uma certa etapa do desenvolvimento, possui determinadas condições corporais, motoras e psicológicas e que, com condições externas favoráveis, com grande probabilidade, irá alcançar altos desempenhos futuros.”

Embora digamos que está definição é de baixa precisão, precisamos tomá-la como um parâmetro, pois infelizmente, na literatura nacional não temos uma definição melhor. Por isso, comento que precisamos de uma política esportiva mais elaborada e preocupada com está questão da identificação de talentos esportivos, mas isso precisa ser estudado cientificamente e colocado em prática para que possamos aumentar ainda mais a qualidade de nossos futuros jogadores de futebol.
Existe outra linha de pesquisa defendida por Michel e Novack (1983, p. 43-44), que diz respeito há vocação, interesse especial, determinação e promoção pelo meio ambiente, como sendo determinantes de um talento. Aqui como sinônimo de vocação:

“Podemos falar de vocação especial, quando já em idade precoce, desempenhos acima da média e até excepcionais são alcançados. Esta vocação especial é reconhecida por meio das seguintes características:
A criança já apresenta na idade pré-escolar uma tendência incomum de realizar certas tarefas;
A criança realiza as tarefas com uma certa facilidade e felicidade, e demonstra interesse especial e motivação para o esforço de alcançar desempenhos ainda maiores;
A vocação é desenvolvida em idades precoces, onde sobretudo o importante é a educação e promoção pelo ambiente.”

Com estas citações, nota-se a preocupação européia com a identificação de talentos esportivos já na mais tenra idade, assim podemos entender como países que tem uma dimensão territorial e populacional menores do que as do Brasil (um país com dimensões continental) terem tantos atletas bem formados e sendo considerados sempre entre os melhores do mundo. Na Europa existe essa preocupação do embasamento científico para colocar em prática nos treinamentos a melhor metodologia possível, colhendo desta forma, ótimos frutos.
Precisamos despertar para essas questões de identificação de talentos baseadas em dados científicos, para que assim possamos melhorar ainda mais o nosso material humano.

REFERENCIAL TEÓRICO

Bompa, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4 ed. São Paulo: Phorte, 2005.

Joch, W. O Talento Esportivo: identificação, promoção e perspectivas do talento. Rio de Janeiro: Publishing House Lobmaier, 2005.

Weineck, J. Treinamento Ideal. 9 ed., São Paulo: Manole, 2003.

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